sábado, dezembro 11, 2004

"Pequerrucha"

Pois é! A vida dá muitas voltas! E por vezes, de 180 graus!

Lembro-me quando te conheci. Foi na festa de anos da minha irmã. A tua tia foi convidada e tu vieste com ela. A partir daí, como moravas com ela e com os teus avós mesmo no prédio ao lado, ficamos amigas e vinhas ter comigo aos fins-de-semana para brincarmos o dia todo.
Eu telefonava para ti, e depois a minha mãe falava com a tua avó para perguntar se podias lá ir.
Lembro-me de brincar contigo às Barbies, aos restaurantes,aos escritórios, aos supermercados (porque eu tinha uma máquina registadora, porque o meu pai arranjava-as) aos médicos, às meninas mais velhas que eram casadas com actores de cinema (Tom Cruise, que naquela altura tinha um irmão gémeo, por isso ficavas com o clone), (rio), bons tempos!!!
Na maoir parte das vezes ficavas sempre para jantar. E às vezes fazias chatagem comigo, a dizer: "se eu não jantar cá o meu avô vai-me dar com a colher de pau, porque vai pensar que me portei mal!" (rio). Aquele tipo de mentiras que só os miudos inventam quando não querem ir embora. (rio).
Eu nunca gostei muito de comer fruta (agora até parece que oiço a minha mãe dizer: "a fruta faz-te bem! faz bem ao organismo!"), então quando já tava a comer a fruta, que na maoir parte das vezes era banana, eu e tu levantavamo-nos e iamos para o meu quarto, e tu como minha amiga acabavas sempre por comer a minha fruta...
Passado uns tempos fose viver com a tua mãe, que foi uma péssima opção. Ias para casa da tua avó aos fins-de-semana e vinhas sempre ter comigo. Tinhas já uns 12 anos e eu tinha 13.
Nessa altura acabei por te contar que os meus pais iriam se separar, e era por isso que estava triste, mas tu, porém também o estavas. Pois o (Cabrão) do teu padrasto tinha tentado violar-te, e o que te salvou foi a campainha da porta.
Entretanto, vieste viver com a tua avó e ficaste mais contente, apesar da (p***) da tua mãe, não ter feito queixa dele, mas que deixou de dormir com ele, mas com o tempo pôs-se a dormir com ele novamente! Tua mãe não é de certeza!
Tiveste uns tempos mais ou menos com os teus avós, embora tenhas chumbado de ano algumas vezes.
Quando tinhas 16 anos voltaste a viver com a tua mãe (péssima opção a dobrar), porque a tua avó deu-te opção de escolha: "ou ficas em casa e dedicaste aos estudos, ou vais para casa da tua mãe e fazes aquilo que quiseres!"...
Em Outubro de 2003, convidei-te para passares um fim-de-semana aqui em minha casa. Vieste, e contei-te que tinha tido um namorado com 31 anos, e que foram os melhores tempos que alguém me poderia ter dado, após tanta coisa que se tinha passado na minha vida!
E depois foi a tua vez... Puxaste um papel e deste o para as minhas mãos. Era um resulatado médico que tinha dado positivo. Estavas grávida de 2 meses e ias tê-lo.
Nesse momento tive um deja-vu, como se aquilo já tivesse acontecido.
A Carolina iria nascer prematuramente. Era parecida contigo, tinha os mesmo olhos, castanhos esveradeados...

Entretanto passou praticamente um ano. Decidi mandar-te uma mensagem a dizer:

olá, tudo bem? Como tá a tua pequenita? comigo ta tudo bem! diz qualquer coisa! beijinhos grandes!

E tu respondeste:

Ta tudo péssimo, faz hoje 3 meses que deixei de ser mãe, tou grávida outra vez, deixei a escola, etc .... Beijos Gandes


Claro, que fiquei petrificada e sem saber o que pensar!
Tentei telefonar-te para combinar qualquer coisa contigo, para te poder ver, mas não me queres atender.
Em Junho querias que eu tomasse conta da Carolina, mas não pude porque estava em época de exames nacionais... E quando cá vieste para me pedir para eu tomar conta dela, eu estava a comer um corneto de nata, e tu pegaste no gelado e puseste um pouco nos lábios dela... Ainda me lembro da cara dela de satisfação, e a pôr a lingua para provar...

Rita: gostava muito de poder ajudar-te, mas nada posso fazer. Gostava que tivesses uma vida melhor daqui para a frente... mas não posso fazer nada!
Desejo o melhor para ti e espero que desta vez, tenhas mais consciência das coisas e que consigas encontar aquilo queres fazer na tua vida e espero que lutes por isso, porque tu mereces apesar de todos os erros que cometeste...

A Carolina... morreu, devido a problemas pulmonares, porque a mãe dela fumava, e isso passou para a Carolina. Quando nasceu tinha uma infecção pulmonar, e foi logo para a incobadora.
A Rita queria que eu fosse madrinha dela...
Obrigada pelo convite.
E obrigada por me teres dado os melhores momentos da minha infância, porque se não fosses tu e as tuas gargalhadas contagiantes, eu não seria o que seria hoje.

Obrigada.

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